O acidente aconteceu no dia 22 de maio de 2014. Entre 19h e 20h na Av. Pres. Vargas no Centro do Rio de Janeiro.
Na engenharia se diz que um acidente raramente ocorre por um erro só:
- A minha motocicleta era customizada, muito mais pesada que a original e não tinha ABS (se tivesse ABS, talvez o acidente não teria ocorrido).
- Minha frenagem 70-30 estava mais para 50-50: não aprendi frenagem de emergência tirando a habilitação brasileira. Aprendi na Inglaterra e mesmo assim não treinava havia anos.
- Era sexta-feira à noite, voltando para casa depois de um longo dia de trabalho… não estava concentrado. Não era ainda adepto do modelo Responsabilidade Total, como chamamos no Vida em Duas Rodas (Hyperreflective Self-Disciplinary). Na verdade, nem sabia que tal pensamento existia. Portanto, não sabia da importância de constantemente mapear mentalmente meus arredores e não fazia a menor ideia de que um carro dirigia paralelo a mim na pista da direita. Como disse, era sexta-feira à noite, voltando para casa depois de um longo dia de trabalho… e não estava concentrado.
- Tinha o vício de apertar a embreagem toda vez que freava, como menciono no vídeo.
- A meu favor, estava completamente equipado, mesmo no calor do Rio: capacete, jaqueta blindada nos cotovelos, ombros e costas, botina de segurança e calças de motociclismo com joelheira. Fora a fratura de platô tibial, não sofri um arranhão.
Excelente depoimento, parabens pela iniciativa!
meu favor, estava completamente equipado, mesmo no calor do Rio: capacete, jaqueta blindada nos cotovelos, ombros e costas, botina de segurança e calças de motociclismo com joelheira. Fora a fratura de platô tibial, não sofri um
So vi a reportagem ate aqui,tem maia?
Como foi o acidente?
Qual era o vício?
Como faço para ler a reportagem ate o final.?
Esqueci de informar que a minha moto do dia a dia é uma Kawasaki KLX650C1/1993 que está comigo desde 1999. É a versão de rua da KLX650R de trilha, poucos a conhecem, na época era a mais cara 650 que havia, mas, extremamente evoluída pra época, até suspensão invertida já tinha, o que só agora as motos de rua estão tendo. Esta é a moto própria para o meu físico e idade, relativamente leve, tem um desempenho suficiente para qualquer situação, mesmo até pequenas viagens, forçando um pouco, com garupa, relativamente confortável. Mesmo está é alta pra mim, mas, o peso dela compensa a minha falta de perna, parece que a gente vai encolhendo com o passar dos anos, pois, de 1999 até hoje, a moto foi ficando mais alta, não sei como. A gente encolhe mesmo. Sei qual a moto que me veste, mas, ainda assim, coloco aquela 5 números acima de mim, a Adventure Mastodôntica, pura teimosia minha, sei os riscos disto. Muitos nem sabem, só compram. Eu ouvi uma vez de uma pessoa mais velha, um conselho e afirmação, que constatei ser muito coerente; experiência não se transmite, adquire-se. Na época, eu achei meio exagerado, mas, hoje, vejo ser muito acertado, pois, os nossos pais, ou avós, nos diziam, fulaninho, não faz isto que você vai se machucar! A gente ia lá e fazia exatamente o que não era pra ter feito, ai, vinham sempre com um; Bem feito, eu não te disse? Naquele caso, a gente pode errar, dá para consertar ou se recuperar. Numa moto não há chance de errar e consertar. A margem de erro tem que ser tendendo a zero, como nos “limites” da Matemática. Não tem outra forma. Somos totalmente ignorantes, não sabemos o básico, não aprendemos o básico e já nos dão a carteira e quem tem dinheiro, pode comprar uma Ferrari das motos e colocar vídeos no Youtube de que deu 299km/h, como tanto vemos. Ou então endeusam o meu xará o tal Tiozinho Kleber Atalla dos escapes ensurdecedores. O cara é cumprimentado nos sinais, é celebridade por fazer aqueles filmes de imbecilidade no trânsito que tantos querem imitar o Tiozinho. Fico pensando, como ensinar meu filho a andar como eu, ou devo impedi-lo de aprender a andar de moto? Acredito que muitos de nós, motociclistas de verdade, temos até um alívio quando nossos filhos não gostam de moto. Me lembro direitinho de um amigo que há décadas atrás, comprou uma Mini Enduro para o filho andar no mato com ele, fazer trilha. Com 2 meses vendeu, decepção. O garoto não gostava de moto, só queria saber de bola e jiu-jitsu. Ele me disse que foi uma decepção e com o passar do tempo, uma alegria. O garoto nunca mais chegou perto de uma moto, já é um homem casado agora, mas, o Pai, continua sendo amante das duas rodas, apesar de tudo.
Realmente, temos que ter muitos anos de hora de voo em cima de uma motocicleta pra aprender a se observar para não cometer erros por vícios, entretanto, aqui no Brasil, o método que é feito e cobrada para tirar-se uma habilitação, é extremamente perigoso. Qualquer um tira uma carteira de moto, mas, não a carteira que te faz ficar vivo e ela nem prova que você tem tal capacidade. Na verdade, só prova que você sabe movimentar o veículo, o resto, vai ser pura sorte. Mas, as coisas começam de forma velada, ou em conta gotas e te induzirem a movimentos reflexos perigosos. Olhem os freios de uma bicicleta, são trocados. O freio dianteiro é na mão esquerda e o traseiro na direita. Pronto, seu movimento reflexo, inconsciente já te induz ao erro de moto, não tem jeito, é assim que acontece e para retirar isto da sua memória reflexa, não é fácil. Comecei a andar de moto aos 9 anos, ou seja, aprendi a movimentar o bicho, uma Jawa 50cc de marchas na mão. O ano dela, nem sei, mas, era algo por volta de 1959/1960. Isto numa época muito mais tranquilo que hoje. Com o passar dos anos e aumentado a idade, ainda assim tive mais algumas 50 cc. japonesas. Dava para manter, fazer bobagens, cair e não morrer ou se quebrar muito. Foi a aprendizagem perfeita, até pular em pista de motocross eu apredi de 50cc. Claro que elas quebravam, a gente ia e consertava com ferramentas de bicicleta, garotos fazem besteiras, é tudo empírico. Com os 18 anos e a carteira de habilitação, as coisas ficaram mais sérias, motos maiores, Yamaha 125, depois passei para uma Yamaha DT250(trail), depois para uma RD350/73 e em 1983 fiz um retrocesso para uma zero km DT180/83. Com esta, realmente aprendi o que uma moto segura significa. Com esta corri de Motocross, Enduro de Velocidade (fui vice campeão carioca), enduro de regularidade, trilhas, viagens, etc. Apesar de que viagens eu já fazia de 50cc. Uma a Angra, outra para Teresópolis e Petrópolis, numa época que menor de idade ainda conseguia andar de moto sem grande problemas. Após esta DT180 que ficou comigo até 1990, minhas aquisições foram se avolumando, a experiência aumentando e muito. Cada moto, uma novidade, seja no bolso para manter, seja no peso que ia aumentando, seja na habilidade da memória reflexa, pois, quanto mais potente, mais o seu cérebro tem que ser regulada para poder acelerar e frear a tempo de ficar vivo em situações de emergência. Só que da velocidade da época de mais novo, quanto maior a moto, mais devagar eu andava na rua. Hoje ando tão devagar que muitos devem pensar que sou um iniciante, mas, não sou, pois, ainda sei apertar no transito, de VMAX, um destes Motoboys, é coisa complicada andar junto com uns sujeitos loucos destes. Eles se jogam em qualquer espaço e não tem o dom de prever os imprevistos em momento algum, se jogam. Eu com estes anos, passei a deixar de andar de moto no dia a dia, com o passar do tempo, pois, ver estes de hoje andando mortalmente como andam, me deixa estressado. Assim, finalizando, qualquer coisa que venha para ensinar alguma coisa a estes doidos que se acham Valentinos Rossi e são apenas os moleques da esquina fazendo merda, acho válido. Acidentes na rua? Já vi muitos, já perdi um amigo na minha frente por causa de um caminhão que saiu de uma rua secundária para a rua principal e que o atingiu em cheio, na minha frente, tão perto que era para eu ter ido junto, consegui parar a menos de 5 metros do caminhão. Como consegui? Não sei, talvez eu tenha tido o reflexo de fazer o movimento certo. Reduzir as marchas ajudando o freio com as reduções, foi condicionado no meu cérebro isto, desde as voltas em autódromo, tinha apenas 19 anos. Deixei a moto na garagem por mais de 6 meses, não queria chegar perto. Até compreender que não fizéramos anda de errado, com isto, consegui voltar as motos, minha paixão, sempre foram. Tenho como me definir sobre veículos. Desde sempre, 4 ou 2 rodas foram a minha vida, o meu sonho. Automóvel eu sou melhor do que de moto, dirijo e piloto um carro de forma muito intuitiva, como se tivesse nascido dentro deles, entretanto, adoro moto, não tenha a mesma habilidade do automóvel, nunca entendi isto, mas, é a verdade. Então, sou um excelente piloto de carro, não um motorista, sou um bom piloto de moto, participei de muitas competições, até Rally dos Sertões, mas, não tenho o dom, de carro eu tenho. Só que sou fissurado por moto, tenho que treinar muito para conseguir o que de carro consigo de primeira vez. Foram muitos anos de voo para perceber isto. Quantos tombos na rua tive? Poucos, bem poucos e era da época do andar sem capacete. Com as competições, muitos tombos vieram, as poucas cicatrizes que tenho, troféus, motos destruídas, conhecimento pleno de mecânica, de forma intuitiva e depois lendo e estuando muito e investindo em ferramentas, boas. Ou seja, sou um ser em extinção. Também tive e tenho Vespa e scooter, tive 2 e hoje tenho outra, nem a uso, recebi como pagamento em uma demanda. Adoro Vespas, são uma bosta de se andar, mas, são legais se aprender que não são para correr. Hoje não há mais esta evolução. Moto para a galera hoje começa a partir das 150/160 cilindradas, o que é muito, muito mesmo.
Outros começam já numa Harley, ou agora numa Indian, ou Mastodônticas BMWs GS1200 e se julgam aventureiros. Nada sabem de terra e nem de domar aquele bicho, mas, tem a carteira e o dinheiro pra comprar, tá resolvido. Não está. A alta taxa de mortalidade, que hoje vemos, está mais relacionada ao método da obtenção da habilitação no Brasil, que, nem quando havia diferença de cilindrada, não formam motociclistas, eles pensam ainda de forma retrógada em denominar condutores. De carro pode ser condutor, mas, de moto, não, tem que haver uma coerência habilidade, peso e desempenho da moto, ou seja, a ergonomia tem que haver para que acidentes não sejam colisões provocadas por imprudência ou por ignorância. Mesmo nos automóveis, para a obtenção da habilitação, deveria haver alguma coisa ensinando sobre como é uma motocicleta, pois, eles não as veem por nunca terem sido ensinados a procurá-las. É todo um contexto que não fica retido apenas no assunto motociclista/transito, há outro lado também. Vou resumir a minha experiência destes anos acumulados; se tirar a buzina de minha moto, não sentirei falta, dificilmente a uso, muito raramente e me irrita estes simulacros de cigarras buzinando em tudo que é lugar para tentar chamar a atenção de que estão passando pelo caminho que acham ser um pista de motocicleta de alta velocidade. Os corredores não são pistas de motocicletas, ali é uma exceção e não a regra.. É tão doida estas últimas gerações que um amigo foi empurrado entre um carro e um ônibus dentro do Túnel Rebouças/RJ, ele de Teneré 600 e uma MOtoboy de CG Titan resolveu empurra-lo batendo a roda dianteira dele na roda traseira da XT600 com o intuito de que saísse do caminho que estava com pressa. Claro que 2 corpos não ocupam o mesmo espaço e o mais leve nunca vai conseguir tirar o mais pesado de seu caminho com facilidade. No motocross temos uma coisa muito legal, você faz a curva com a moto deitada por cima da roda dianteira da outra, seu oponente e ele automaticamente, ou faz a curva ou vai pro chão, não tem jeito. A roda dianteira vai deitar e cair, ou você manda a mão para equilibrar ou vai pro chão, mas, inicialmente você tira a mão. É parecido com o que chamam agora de Block Pass. Meu amigo voltou pra casa muito bem, mas, o Motoboy ficou pelo chão, lá dentro do Túnel Rebouças, não morreu por acaso, de um acidente (???) provocado por ele mesmo com um ato discricionário. Ai a pergunta que fica: Onde está com a cabeça um sujeito que ainda pode achar que vai se dar bem com uma manobra destas? Na minha opinião, tirou a buzina das motos, vão diminuir os acidentes, o sujeito vai ter que se fazer ser visto, ou percebido ao invés de se achar o dono da rua. Não vai ter BIBIBI para dizer saiam da frente. Ao colunista; o que você tinha antes de comprar uma Harley de cerca de meia tonelada? É peso pra caramba. Não é para qualquer um, tem até que fazer musculação pra isto. Dizem que é moto de velho, só velho forte, pois, o fato de ser baixa para a gente, colocar os dois pés no chão parado, isto engana pra caramba. Uma moto destas, a gente tem que apagar o movimento reflexo de dar uma patada no chão se ela escorregar, pois, é mais fácil quebrar a perna do que colocar meia tonelada de volta pra cima. Eu ainda não consegui impedir de fazer isto, ai, ando mais devagar para que não escorregue. Tenho um VMAX1200/1998, minha segunda e agora comprei uma KTM Adventure. A VMAX por paixão, a Adventure por fissura desde o dia que foi lançada em 2003. Com a KTM já cai parado 2 vezes e tive que pedir ajuda pra levantar, não consigo levantar sozinho cerca de 250 quilos, com o tanque cheio é mais. Qual o meu problema, tenho 1,67m de altura. e o banco dela fica a 1 metro do chão. Não tenho um metro de pernas. É teimosia de minha parte e tenho total noção disto, mas, ainda domo aquilo.
Atenciosamente,
Kleber Klein – advogado 55 anos.
Obrigado pelo depoimento, Kleber! Que história, hein?
Em frenagem de emergência em motos com ABS freiada é com os dois freios e embreagem acionada. O erro foi a travada da roda traseira pois sua moto além de pesada não tinha ABS. Já aconteceu comigo na Grajau Jacarepaguá. Aprendi o certo com o curso e o day training do GPR, totalmente voltado a segurança no trânsito e ministrado por 3 instrutores de batedores da PRF aqui no Rio.