O Projeto Vida em Duas Rodas repudia com indignação a campanha divulgada pelo Detran-DF no mês de agosto de 2017, intitulada “A moto e o trânsito”, onde esta instituição presta um verdadeiro desserviço a toda população, em especial aos motociclistas.
Ao veicular esta campanha absurda, o Detran não só fecha os olhos para o problema da falta de formação em pilotagem de motos, como também estimula o preconceito de motoristas e outros participantes do trânsito contra motociclistas.
Esta campanha aponta um problema: o “perigo de andar de moto”, mas não apresenta nenhuma solução. Apenas coloca, de forma implícita, a mensagem “não ande de moto”.
A estratégia de comunicação de amedrontar é antiquada e hoje não tem o mesmo efeito que teve nos anos 90. Neste quesito em especial, esta estratégia traz até consequências negativas:
- Para os motociclistas, pois não propõe uma solução para o perigo demonstrado na campanha. Simplesmente diz que é perigoso e coloca a mensagem implícita “não ande de moto”. Mas muitas pessoas não tem opção, uma vez que o transporte público é deficiente em todo o país.
- Para os motoristas e população em geral, pois estimula ainda mais o preconceito já existente contra motociclistas, ao colocá-lo como alguém irresponsável, que busca viver “uma emoção atrás da outra” (aspas de trecho do vídeo do Detran).
É fato que o número de motos e motociclistas habilitados (pelo Detran) cresce a cada ano no Brasil e vai continuar crescendo. E isso não era pra ser algo ruim, afinal as motocicletas são mais econômicas, mais baratas de serem adquiridas, emitem menos poluentes, ocupam menos espaço no trânsito e em locais de estacionamento, apenas pra citar algumas vantagens.
Se, ao invés de condenar o uso da moto, o Detran reconhecesse que as motos vieram pra ficar (e vieram), ele não perderia tempo nem dinheiro tentando dizer para as pessoas fazerem algo que elas não vão fazer.
As pessoas não vão parar de andar de moto. É de formação em pilotagem que as pessoas precisam para, aí sim, reduzir drasticamente suas chances de queda e colisão.
O Detran deveria admitir que é responsável pelo problema, ao habilitar novos motociclistas sem uma formação adequada e um teste rigoroso. Imagine se o teste para habilitar motoristas de carros e caminhões fosse simples como os de motocicleta… o trânsito seria uma catástrofe ainda maior!
Deveria, ainda, investir seu tempo e dinheiro em soluções pró-ativas, que têm muito mais sintonia com os tempos de hoje. Identificar um “problema” e oferecer uma solução viável, consciente, íntegra e democrática.
Nós, do Projeto Vida em Duas Rodas, estamos fazendo a nossa parte ao incentivar motociclistas a buscarem por formação em pilotagem e, mais ainda, oferecendo um curso online de pilotagem inspirado nas melhores práticas internacionais.
Aproveitamos este espaço para dar algumas sugestões ao Detran:
- Ouça os motociclistas antes de lançar qualquer campanha;
- Endureça as regras para emissão de CNH para motos e carros;
- Exija o domínio das manobras essenciais em pilotagem, Essential Riding Skills, de todos os motociclistas, novos e antigos, em testes rigorosos, com experiências no trânsito real e não somente em pista fechada;
- Exija a reciclagem obrigatória de motociclistas antigos em manobras essenciais para segurança, ao fazerem a renovação da CNH;
- Promova campanhas que estimulem motociclistas a buscar por formação em pilotagem;
- Realize cursos de formação em pilotagem de forma ampla e abrangente e não somente “direção defensiva”.
Por fim, a critério de informação: em países mais desenvolvidos, como os da Europa, a prova para habilitação de motos é feita para reprovar o candidato. Ou seja, são exigidas as manobras essenciais em pilotagem e só passa na prova quem realmente sabe pilotar. No Brasil não. A prova é feita pra passar: toda em primeira marcha, em ambiente controlado (não vai pro trânsito), pagou as taxas, passou. Todos sabem disso.
Se você também está indignado, como nós, cobre do Detran suas responsabilidades. Envie sua mensagem, compartilhe esta nota, faça barulho. Ajude-nos a fazer crescer o movimento pela formação em pilotagem de motos.
Guilherme Noronha
Fundador do Vida em Duas Rodas
Formação é Liberdade e Segurança. Invista Nela.
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A segurança de todos está na formação e não na divulgação negativa, para as autoridades envolvidas, e mais fácil e mais barato postar esse video curto para conscientização negativamente.
O vídeo é mais uma prova cabal de que o dinheiro do contribuinte é muito mal usado.
Boa tarde, como essa nota de repúdio chegará ao Detran?! Super apoio e sempre digo que ainda bem que andei muito de carro antes de sair de moto na rua pq a moto escola é uma piada de humor negro.
Oi, Vanessa! A nota foi enviada ao Detran através do seu setor de comunicação, que nos respondeu informando que estava sendo encaminhada ao setor responsável pela campanha. Estamos aguardando resposta.
Não entendi. Penso que estar na rua como motorista de qualquer veículo o pré requisito é cuidar. Assim não vejo corretas as argumentações quanto a diferença entre este ou aquele veículo, senão, a diferença entre a responsabilidade entre o motorista e o irresponsável. Inclui-se aí o pedestre. Penso que o DETRAN segue a orientação de valorizar o veículo que dá mais lucro as empresas de combustível e sequer está pensando em culpar os motoristas de motos. Assim sendo infeliz duas vezes. Quanto a defesa do Duas Rodas, infelizmente cai no lugar comum deste contra aquele. Na rodovia todos são responsáveis, só isso. Sei que há preconceito quanto a motociclistas, isso esse debate promovido aqui ajuda a transformar. Parabéns pela iniciativa.
Apoio incondicional ao repúdio.
Passei 35 anos dirigindo veículos 4 rodas. Quando finalmente tirei minha habilitação para 2 rodas não tinha coragem de sair no trânsito, acabei indo com medo mesmo (talvez a minha salvação), e percebi que o curso no qual o Detran avalia o candidato é incrivelmente pobre acerca da preparação do condutor.
Comprei minha primeira motocicleta, fiz curso de condução, participei de fóruns e workshops (teóricos e práticos) e sou aluno do Vida em Duas Rodas. Ainda sim sinto que preciso me aprimorar mais.
Apesar de estar seguro em cima de 2 rodas, sempre penso que o perigo está numa curva, numa sinalização, num buraco ou imperfeição de pista, se eu estiver desatento… O perigo não está no veículo, está no condutor, que muitas vezes (ou todas) está despreparado.